domingo, 10 de abril de 2011

.38


Era um daqueles dias de "cortar os pulsos"... Sentia a depressão batendo a porta novamente. Não gostava disso, não queria isso. Sabia com Quem se apegar, mas parecia não ter forças para subir à montanha.
Deixar se entregar parecia mais fácil, por mais que repudiasse essa ideia. Meses antes havia entrado em uma discusão com colegas de trabalho sobre a questão dos suicídas: um ato de coragem ou covardia? Defendia com unhas e dentes que era covardia total! Se a pessoa fosse corajosa enfrentaria seus problemas ao invés de fugir deles para sempre.
Era nesses dias de "cortar os pulsos", que começava a pensar mais sobre o assunto e a vacilar em seu ponto de vista. Mas também era nesses dias que algum sinal era dado.
Dessa vez, a sua salvação eram as palavras daquela menina de fala mansa, cuja qual nem sabia o nome.
- Enquanto uns pensam em se matar, à tanta gente em hospitais desejando mais um dia de vida...

Ele recolocou o .38 do padrinho de volta, no fundo do armário. Um dia à mais para se viver!

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