segunda-feira, 19 de janeiro de 2015



Sabes porque não tenho escrito?
Pois Deus me presenteou com uma excelente memória...

Lembro-me de coisas. Muitas coisas.

Muitas são lembranças felizes, saudosas, nostálgicas.
Mas ainda possuo algumas "não curadas".


Essas doem. Muito ainda.
Não, não são as vossas. São umas ainda recentes.

E a vontade que tenho é de escrever sobre isso, mas não quero escrever tais coisas.

Quero enterrá-las. Sufocá-las. Extirpá-las de dentro de mim...
Não é possível, eu sei.
Mas um dia ficarei bem.

Um dia...


terça-feira, 1 de julho de 2014


Acabou.
Não quero mais assim.
Tu disseste que
tu tinhas que cuidar de ti,
mas eu cuidava também.
Mas se eu não cuidar de mim,
quem irá cuidar?
Não sabes conversar.
Não queres falar comigo.
Como tu mesma disseste:
nós já terminamos,
não temos mais nada
a ver um com o outro.
Apesar de discordar,
estou cansado para discutir.
Sem forças de lutar por ti.
Dei mais do que meus 50%...
E tu?
Então não tente ser minha amiga,
não diga mais que me ama.
Me esqueça.
Me deixe sozinho
com minhas frustrações,
meu amores,
minhas inseguranças
e meus temores.
Como eu te disse:
espero que esse teu mundinho,
essa bolha na qual te escondeste,
que ele perdure por muito tempo.
Pois quando ele desmoronar,
e tu caíres na real, vai doer.
E muito.
E eu não quero que sintas dor.
Eu tentava te preparar para isso.
Eu queria estar ao teu lado
quando a realidade do mundo
viesse te derrubar.
Pra te segurar,
ser teu apoio,
não te deixar cair tão pesado.
Mas tu me afastou.
Me jogaste fora.
Não só um namorado,
mas também um amigo.
Adeus.






segunda-feira, 30 de junho de 2014


Tu me procuraste.
Perguntaste uma coisa tola,
da qual tu tinhas interesse.
Perguntaste como minha mãe estava.
Não perguntaste como eu estava.
Te liguei, não me atendeste.
Mas eu sei que tu viste a chamada.
Não retornaste.
Só queria que tu fosses sincera comigo
e dissesse numa boa:
"Olha, acabou.
Não te amo mais,
talvez nunca te amei.
Não tem volta mesmo.
Desiste".
Mas não.
Tu me ignoras ou,
quando falas comigo,
diz que ainda me ama...


domingo, 29 de junho de 2014


Tirei o anel, a foto, etc.
Tudo coisas que posso recolocar no lugar.
Não alterei senhas, nem nada "definitivo".
Já tu, pelo jeito pensas diferente...






sábado, 28 de junho de 2014


Não, eu não estou bem.
Quando foi que deixei meus deveres de lado
por causa de algum problema?
Nunca!
Mas ultimamente, não tenho forças.
Minha fortaleza está longe, não aguento sozinho.
Preciso da tua ajuda, mas não quero pedir.
Quero que venhas a mim.
Será que podes fazer isso por mim?
Deixar de olhar um pouquinho só pra ti
e me ver aqui, precisando de ti.
"E se eu cair, se eu vacilar,
quem vai me levantar?"



"Sou humano de mais para compreender..."


sexta-feira, 27 de junho de 2014

Vó...

Quando pequena, minha mãe foi trazida de St. Antônio da Patrulha para Porto Alegre. Ela iria trabalhar de doméstica na casa de uma senhora e, assim, ajudaria meus avós com o salário. Essa mulher saía para farrear à noite, deixando pilhas de louça suja e uma casa imunda para uma menina de 11 anos dar conta sozinha. Minha mãe fazia o serviço. Mas chorava a noite inteira. Essa mulher devolveu minha mãe, que foi levada para a casa de uma tia que morava por aqui.
Minha tia-avó Olinda a levaria para casa, de volta para os pais. Mas antes, resolveu ver se uma vizinha não queria essa menina de 11 anos para ajudar nos afazeres domésticos. Dona Catarina era o nome dessa vizinha, que olhou bem para minha mãe e disse: "Tu queres ficar? Mas só poderás ficar se for para estudar." Era o que minha mãe mais queria. Estudar!
Dona Catarina a pegou pela mão e a levou para casa. Seu João, seu esposo, estava sentado na varanda quando viu a mulher vindo com a menina. Eis que ele ouviu as seguintes palavras: "Olha, João! Nossa Cleuza voltou, só que já crescida". Cleuza é o nome da minha mãe. Mas também era o nome de uma filha do casal que morrerá ainda bebê.
Minha mãe começou a estudar e ajudava nas tarefas de casa. Ela não era a empregada, ela era uma filha adotiva e fora criada como tal, com uma irmã e um irmão (fora meus oito tios de sangue, filhos dos meus avós biológicos). Minha mãe nunca perdeu o contato com sua família e sempre ia vê-los. Ela agora tinha duas famílias, tinhas dois casais de pais, dez irmãos e muitos tios e primos, tanto de sangue como de coração.
Eu não conheci meus avós maternos, faleceram antes de eu nascer. Mas conheci meus avós de coração, que sempre me trataram como neto. Nunca existiu "dona Catarina" e "seu João" para mim, mas sim, VÓ Catarina e VÔ João. Eu cresci convivendo com eles e com meus tios e primos biológicos e adotivos. Era tudo uma grande família para mim. Não tive carência de avós.
Hoje, aquela que me chamava de "minha joia" partiu. Parou de sofrer em um leito de hospital. Depois de 94 anos fazendo o bem, ela finalmente descansou. Sua casa era a casa de todos, pois minha mãe não foi a única a ser acolhida por ela. Seu coração crescia cada vez mais, conforme seu corpo ia ficando pequenininho. Escutei muita gente falando que devia muito à vó Catarina, que sem ela essas pessoas não teriam se tornado quem são hoje. Senti que não eram palavras de momento. Havia coração nelas.
Foi feita a vontade de Deus. Agora, eu é que tenho uma joia no Céu.




Na primeira vez que te contei
que minha avó estava quase morrendo
tua reação foi bem grosseira:
"Já te aviso que eu não irei contigo a velório!"
Hoje, quando este dia fatídico chegou,
foste a primeira a me perguntar como eu estava.
Mas só.
Eu precisava de ti,
mas não te encontrei...


quinta-feira, 26 de junho de 2014