segunda-feira, 14 de junho de 2010

Pequena ficção da vida real...

Noite fria, chuva fina e ela a esperar a condução para ir embora.
Ela estava muda, esperando que ele falasse. Mas ele não conseguia. Tentou duas ou três vezes, mas as palavras não saiam. Ele precisava falar, pois já lhe havia entregue a carta em papel azul. Se ele não falasse, a carta não teria muito sentido.
Não era para ele se apaixonar, ela já o tinha avisado. Mas não se manda no coração (esse coitado que leva a culpa por causa da dopamina, da feniletinamina e da ocitocina (química, né)).
Será que era o fim? Ele não queria que fosse. Ele disse que queria pedir algo. O ônibus se aproximava e ela se preparou para sair.
Ele a puxou para si e quis beijá-la. Ela recuou.
"Eu queria te pedir um beijo". "Hoje não", foi a resposta. E dizendo isso, ela o deixava.
Hoje não, mas então quando?
Enquanto ela partia pelos caminhos da incerteza, ele se via ajoelhado em frente a Igreja Matriz, implorando por seu futuro. Ele tinha dois caminhos, e rezava para que fosse o do seminário, pois o caminho contrário era um dos leitos no São Pedro (grande desvio para aqueles que, como ele, tinham o caminho do amor interditado, em obras... obras que só deixavam buracos e construções mal-acabadas).

Guilherme S. Teixeira

6 comentários:

  1. que lindo *-*

    me lembrou dom casmurro, i love!

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  2. Muito bom, Teixeira! :D

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  3. Cabrito tenho algumas sigestões :D Pára de repetir "Ele", "Ela", "Ele", "Ele"... E ali no (quimica né) só faltou um xisdê depois. Tira esse "quimica né"...

    Mas enfim, eu acho que eu conheço bem essa história ;) Ta bacana

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  4. Thiago bobo... Ficou lindo Teixeira!

    "só faltou um xisdê depois." [euri, hauhauahua]

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  5. Pobre coitado. Se chovesse em cima dele ainda seria um lucro.
    Gostei.

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