quinta-feira, 6 de maio de 2010

Caminhos cruzados

Violão nas costas e chimarrão na mão, Thiago se dirigia até aquele prédio, no centro da cidade, para matear até o pôr-do-sol. Levou o violão, pois a vista do alto daquele lugar era inspiradora e certamente lhe ajudaria na nova composição, afinal fora ali que escrevera seu grande sucesso: Lá de cima, o pôr-do-sol. Caminhando pelas ruas, mania de olhar para o chão, Thiago encontra uma carteira de couro verde. Ao juntá-la percebe que está bem pesada e, curioso, abre-a. Há um relógio ali dentro que começou uma contagem assim que ele a abriu.



Salin viera para o Brasil há dois meses e instalara-se em uma cidade do Rio Grande do Sul. Ainda não sabia como cumpriria sua missão. “Arme! Estoure! Mate!” Bradava seu pai em sua memória. Passou o primeiro mês observando os costumes daquele povo, estranho para ele. Notou a curiosidade aguçada e a ganância. Já sabia o que fazer. Durante o mês seguinte preparou a bomba para o atentado. Ele era novo nesse assunto de terrorismo, mas aprendera com o pai como fazer bem feito. Assim, no dia escolhido, foi caminhando pelo centro da cidade. Em determinado ponto, perto do prédio Pôr-do-Sol, ele se abaixou fingindo amarrar o sapato e largou algo na calçada. Levantou-se e saiu apressadamente, entrou no primeiro ônibus que passava pela parada e se foi, deixando a carteira de couro verde para trás.

Guilherme S. Teixeira

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