“[...]
— Mas mesmo com um grande amor, nós não
podemos resolver tudo — disse o Jovem Príncipe, talvez com saudade de sua rosa
ou do asteroide perdido no espaço, com dois vulcões a ponto de explodir.
— Mas você sempre pode fazer algo, não se
esqueça disso — respondi. — Amar é não desistir de fazer essa coisa. Se tudo o
que tem é o amor, você irá descobrir que o amor é suficiente.
— Deve ser muito triste não ser amado —
observou o Jovem Príncipe.
— Mais triste ainda é não ser capaz de amar
— disse eu e complementei: — Existem aqueles que concebem o mal como uma força
poderosa oposta ao amor. Eu acho que a nossa maior tragédia acontece quando
deixamos de amar. A falta de amor: isso é que é o Inferno.
— O que acontece quando se comete um erro e
fracassa em seu amor?
— Eu não vejo os erros como fracassos, pois
nós podemos aprender com eles. O único fracasso é não tentar outra vez, e mais
outra, de formas novas e inventivas, Se você simplesmente repetir o que fez
antes, vai obter sempre o mesmo resultado. Portanto, você nunca fracassa no
amor: o único fracasso é não amar.
—
Como posso saber quem merece minha ajuda e meu amor? — perguntou o Jovem
Príncipe.
— É
comum nós ajudarmos apenas aqueles que merecem nossa ajuda. Isso está errado,
pois nossa tarefa não é julgar méritos, uma coisa dificílima de fazer, mas
apenas amar. Assim como acontece com o perdão, aquele que mais ama é quem se
torna mais rico. Afinal, se Deus ama todos os seres humanos de forma igual, por
que iríamos excluir alguns e preferir outros? Tenha piedade daqueles que se aproveitam de
sua bondade. Para finalizar — disse eu —, se você dedicar a vida a extrair o
que há de melhor nas pessoas, vai acabar encontrando o que há de melhor em você
mesmo.
[...]”
O retorno do Jovem Príncipe, de A. G. Roemmers
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