quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Pequena ficção da vida real... [5]


Engraçado essas coisas, conhecemos pessoas apenas de vista, na rua, no colégio, na porta do prédio. Nunca imaginamos que isso venha a ser, um dia, amizade. E das fortes.
Eu o via no colégio, nunca falei com ele. Nem fazia questão. Anos depois, ele apareceu na paróquia e começou a fazer parte do grupo. Ai, como era chato! Já chegou zoando comigo, cheio de liberdades e me tirando do sério. Mas aos poucos foi brotando uma amizade, conversas sérias, fé e conversão.
Passamos por várias situações juntos: brigas, piadas, sermões, irmandade. Claro, algumas brincadeiras ainda são pregadas, agora de ambos os lados. Temos as mesmas iniciais no nome, mas sempre nos chamam pelo sobrenome (os quais as primeiras letras formam o apelido de um professora que tive e que dá um bom caldo).
Andando de carro com ele fico preocupado, mas ao mesmo tempo tranquilo por estar ao seu lado. Me agonia quando ele sai cantando pneus e não sei se vai para casa.
À noite, através da janela, ouço loucos que fazem uma curva perigosa à milhão. Antigamente eu sempre praguejava. "Morre, animal!", mas isso era antes. Hoje, quando um carro passa acelerado por aqui, apenas rezo para que não seja ele.

Um comentário:

  1. É verdade, a gente tem mania de praguejar nessas situações. A gente nunca para pensar que pode ser um amigo nosso. E mesmo que não seja amigo da gente,certamente, é de alguém. E alguém vai sentir falta.

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